sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ser Divina


Eu sou mãe. Eu já assisti a vida renascer. Ou melhor, já fui canal para que ela se recriasse através da minha luz e sangue.
Pois é. Grande caminhada a nossa. Nascer, morrer, renascer, ir embora novamente, tantas e tantas vezes, até se perder a contagem. Tentar. E retornar. E tornar a tentar. E em cada nova tentativa, um ventre acolhedor proporcionando o início da jornada. Uma história sem fim. Bom, até o que podemos compreender...
Mas seguimos. Porque somos divinos. Mesmo que nossos corpos mortais digam o contrário. E quando ousamos acreditar no contrário, algo acontece para nos colocar novamente de encontro com a verdade. Como uma vida que nasce a partir de um ventre vazio. E muda todo o mundo. Pelo menos o mundo que a acolheu dentro de si. É inevitável a sensação, mesmo para quem não a desejou. Nem que seja por um segundo apenas, temos a sensação de divindade.
Eu me senti divina. Talvez por me sentir capaz de acolher um milagre. Talvez porque este milagre depois tinha olhos, mãos, um corpo e toda uma história tão importante quanto a minha. E esta história começava justamente dentro do meu ventre. Aquilo era absolutamente divino. Não houve dúvidas para mim.
Mas tudo é muito, muito maior do que parecia naquele momento mágico da vida. Afinal, vida é evolução. Neste mundo restrito, estático e pragmático, através das descobertas e desafios que a maternidade trás, comecei uma longa caminhada de questionamentos, buscando respostas para sentimentos que surgiam.
Os filhos crescem, outros nascem, as histórias vão se ampliando e ficando cada vez mais complexas, tomando corpo e estrutura individuais. Afinal, não somos os nossos filhos, e pouco a pouco eles serão cada vez mais "eles" do que "nós". Um dia, eu não poderia mais gerar filhos, afinal. Estaria a minha divindade apenas na minha vontade eterna de vê-los cada dia mais felizes, e de me entregar de corpo e alma a esta tarefa?
A resposta é que a divindade não reside apenas na criatura, mas principalmente na criação. Foi o que demorei a entender.
Algo maravilhoso, extraordinário e transcendente acontece no milagre da vida. Algo que nos coloca no total poder de nossa Luz, nos eleva, ilumina, elucida, engrandece. Algo tão, tão forte e significativo que nos coloca perto do que entendemos por Deus, e por isso mesmo, pode não ser compreendido facilmente. Um Poder Maior entregue nas mãos de todo e qualquer ser humano, mas que cada um deveria buscar individualmente a sabedoria para usá-lo. O poder de fazer amor.
É incrível como algo divino e único pode nascer onde não existia absolutamente nada. Do vazio, da escuridão e do silêncio, de repente, a vida se faz. E tudo o que se precisa fazer é simplesmente verter amor. Só isso.
Ter capacidade de ser mulher por completo, de entregar a outro ser o seu corpo e sua alma de luz, e acolher sua energia dentro de si, é a divindade. Ser o berço para a união entre duas energias supostamente opostas e transformá-las em complementares, é o milagre. Se este ato gera um fruto tão especial, é a consequência da magia, o presente final, a concretização do ato, não o milagre todo.
Em uma sociedade que santifica uma mulher "virgem" por ter gerado o fruto mais belo e puro de todos, é compreensível que se  santifique os filhos, que se glorifique a maternidade como pura doação e entrega, que se eleve a mãe ao altar de "santa", e que se projete nos frutos toda a magia da criação. Mas o que é ser mãe?
Eu não quero ser "santa". Eu quero ser divina, o que é muito diferente. Quero ser capaz de verter minha magia antes, através e além das minhas filhas. E ensiná-las a fazer exatamente o mesmo: serem mulheres completas e realizadas, que erram, mudam, vencem, sofrem, mas vivem intensamente, acima de tudo.
E nesta bela jornada, se escolherem gerar seus próprios frutos na matéria, serei uma feliz avó. Se esta não for a missão de suas almas, quero que sempre sejam divinas, da sua forma.
Como milhares de irmãs em espírito, eu sou mãe. Já assisti a vida renascer a partir de mim. Mas foi com entusiasmo que entendi através de tantas buscas, que isso somente foi possível porque antes, fui mulher. Canalizei o mais puro divino feminino no meu coração e me abri sem hesitação para o amor que me completava. Uni. Reuni no meu ventre o maior dos potenciais humanos, escancarei minha alma para o incerto, confiei meu corpo e meu futuro ao Universo de Luz, e fui abençoada pelo Amor Universal em forma de uma bela criança. Isto tem que ser divino!
A divindade não está em cuidar eternamente esquecendo de si mesma.  A divindade está em se ter alcançado o ápice do milagre humano da vida. A divindade está na total consciência do poder do seu corpo e da sua alma e na coragem de utilizá-los com plenitude, seja para si, seja para quem escolher como merecedor.
Desvendar, defender e elucidar esta verdade tem sido minha missão pessoal desde então, mesmo sem saber, no início, que era exatamente o mesmo mistério que um dia jurei proteger e me trouxe tantos problemas. Mas esta história eu conto outro dia...


Que seja belo e iluminado o domingo de cada mãe! Que sua alma relembre, celebre e verta sua divindade de mulher em cada presente aberto e a cada abraço apertado. E que depois que este dia termine, que volte ao seu Templo de Luz Pessoal e diga sinceramente à sua alma o quanto vitoriosa e merecedora você é. 
Que seja Amor-próprio o seu maior presente.
Que seja "Bendito o fruto do vosso ventre", queridas mães! Mas que seja igualmente bendito, o seu ventre que gerou o fruto!

2 comentários:

  1. Lindo, Fiz um link num de meus blogs pra ela. http://casadebruxasdaluz.blogspot.com.br/

    Pode me enviar textos que publico lá também!
    Beijos irmã!!
    Tanya Althea

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Tanya. Sempre bom receber a energia e parceria das irmãs de alma... Um grande beijo.

    ResponderExcluir

Obrigada por unir nossas idéias através de seu retorno!