quinta-feira, 14 de junho de 2018

Solstício e as Asas da Deusa

Minhas queridas irmãs de jornada... Ahow!

Estamos a uma semana do poderoso Solstício de Inverno/Verão de Junho.

Acredito que é momento de libertar quem somos. Momento de abrir nossas cascas, armaduras, nossas vestes santas, nossos invólucros, nossas celas pessoais, nossos cenários criados... e nos revelarmos.

Estamos imensamente cansadas destes pesos. Exaustas.
Não importa quem somos, de onde partimos, para onde seguimos, a estrada que criamos a cada segundo nesta imensa loucura que tem sido a busca da nossa Cura, todas estamos exaustas.
Algumas já partiram há muito tempo, já olham a paisagem mais amena, têm tempo para sentir o vento no rosto e agradecer a perseverança que as sustentaram no caminho.
Algumas ainda estão desbravando verdades, se surpreendendo consigo mesmas e com os dons maravilhosos que têm encontrado na sua jornada coração adentro.
Algumas se confundem nos passos, tropeçam nos próprios pés, olham o céu o tempo todo procurando uma estrela antiga que as guie, algo que já tiveram em um passado remoto e que insiste em ecoar na alma como uma música santa.
Algumas sofrem em dores dilacerantes que carregam toda a desilusão necessária no início do processo de Despertar.
Algumas precisam escolher, escolher, escolher... e é tão difícil desapegar para crescer.
Algumas talvez lerão este texto e terão sua primeira vontade de ir ao encontro de si mesmas, olhando ao redor e compreendendo finalmente porque nada pode preencher sua alma completamente, independente do que façam, estudem, conquistem ou provem ao mundo.
Não importa o ponto da jornada de retorno a nós mesmas que estamos... estamos exaustas.
Não exatamente tristes, ou felizes. Não exatamente realizadas ou frustradas... ou tudo isso junto e misturado por dentro. Mas estamos exaustas.

O processo de Retorno da Mãe que aceitamos travar pessoalmente, canalizando todo o Feminino Sagrado através de nossos corpos, nossas almas, nossas mentes e nosso Ser Imortal, é tão poderoso que não pode ser mais parado.
Uma vez que uma mulher desperta para a Verdade de que possui algo sagrado dentro dela, intocado, perfeito, escondido e negado, nada pode parar esta filha da Deusa, nada. 

Gritamos por dentro que queremos SER , queremos SENTIR, queremos NOS PERMITIR, e esta voz é tao alta, tão forte, tão desesperada, que nada pode calar seu canto dentro nós.

Mas ironicamente, é também por ela que entramos na ruína, na completa desconstrução...
Caem as verdades, caem os dogmas, caem os laços. Cada relacionamento foi ou ainda será colocado à prova, dizendo a que veio efetivamente, na nossa missão recém recordada...

Quem ajuda, fica; quem atrapalha, quem segura, quem nega, quem invade, quem controla, quem diminui, quem engana, quem machuca, quem despreza, quem usa sem trocar... precisa ir. 
Mas assim, sem dó? Sim, assim, sem dó. Com gratidão, com respeito, mas sem dó. 

Depois de tantas batalhas juntas, de segurar as mãos umas das outras, de sorrir de nervoso, de chorar de alegria, de ficar em silêncio por não conseguir definir o que era sentido, precisamos dar um fim a tanto aprendizado na dor, e entregar tudo o que não é nosso, mas que tomou espaço no nosso Ser Imortal há milênios.

Não somos quem queriam que fôssemos, não somos nem ao menos o que pensávamos ser... somos o que somos, e compreendemos finalmente que isso é maravilhoso, sublime, perfeito e permitido, seja o que for.

Precisamos olhar nos olhos umas das outras e nos ver dentro deles. Saber que somos partes de uma coisa só e única.

Entregar nossos medos ao vento, sem nem sequer lembrar como os criamos. Curar as dores com música e dança. Sentir prazer na pele. Dividir o corpo, a cama, a comida, a vida, a estrada, mas nunca mais deixar de ser inteira. 

Não somos erradas por sentir tanto, não somos erradas por ver o que não enxergam, por acreditar no que não se prova, por destruir sem dó os castelos racionais, lógicos, limitados e medrosos onde nos obrigamos a viver por eras, mesmo sem acreditar neles realmente. Não somos erradas por sermos umas diferentes das outras neste processo. Não somos erradas por seguir estradas diferentes de outras irmãs ou por escolher de outra forma a cada desafio apresentado.

Não somos erradas. Não somos menos.  Não somos mais. Não somos menores, ou maiores. Somos mulheres. 
Somos, cada uma, um ponto da metade da Humanidade que tem a missão de carregar o que a outra metade precisa, mas nega.

Somos quem precisou caminhar no Escuro, quem precisou calar a voz, adotar uma postura contrária a si mesma na vida , aprender o que nem imaginava que precisaria para continuar a existir. Somos quem carregou a dignidade no Ventre mesmo sem nunca ver a mesma dignidade na vida.
Somos quem cantava enquanto disparavam tiros, quem rezava para curar os feridos, quem gritava para parar outros gritos. Somos quem escutou infâmias, quem teve seu corpo limitado a um objeto de uso, quem perdeu a capacidade de se olhar no espelho e aceitar  e amar exatamente o que via, como via, com Honra e Liberdade.

Somos quem precisou levantar e segurar barras, filhos, casas, loucuras, relacionamentos, perdas, e ainda sorrir, pois somos a Beleza do mundo.

Somos quem negou o prazer para se conectar ao Divino, ou quem se viciou no prazer para se sentir Humana. 


Somos as enganadas, as presas, as solitárias que esqueceram da sua força dentro da Roda entre Irmãs. Nos traímos... a nós mesmas, e umas às outras.
Tentamos amar como nos pediam - ou exigiam, tentamos ir a Deus através das Regras Sagradas que nos impuseram. Nos cobrimos para entrar em Templos, aceitamos ficar atrás, de lado, sem voz.

Não fomos criadas para o conflito. Aceitamos tudo acreditando que seríamos felizes evitando o conflito.
Mas não funcionou. 
Então fomos à Guerra. Seguramos armas, cortamos os cabelos, trocamos o sentir por pensar, negamos o sangue do nosso Ventre, deixamos nossos sonhos, nossas casas e nossos filhos, lutamos e até matamos de várias formas e por várias causas... 
Mas nada disso também funcionou.

O Mundo está doente, o Mundo está se equilibrando sob uma coluna só. Esta coluna, o Masculino, está enfermo e fraco. Acreditamos na sua força eterna e solteira por milênios, mas mesmo trazendo tantas aberturas e crescimento, sem nossa doçura, ele se distanciou de Gaia, de si mesmo, e endureceu, adoeceu, emudeceu, sofreu, errou, matou, invadiu, machucou, perdeu... o nosso redor e dentro de todos nós.
E agora a Deusa dentro de nós canta e diz que abençoa a evolução do Homem, mas sendo ele orfão de Mãe,  a Abundância foi esquecida. Junto com a Ciência e a Inteligência aumentada, a  carência invadiu as almas, a Terra, as mentes, a Vida. O medo da perda levou o Amor para um lugar perdido... e a única saída, a única cura está exatamente DENTRO de nós, suas filhas amadas.

Dentro de cada Irmã que se colocar como ponte para que o Sagrado da Mãe se manifeste na matéria, com Liberdade, Respeito, Abundância, Alegria, Prazer e Sabedoria. Dentro de cada Homem que aceitar uma Sacerdotisa da Mãe como ponte para seu próprio Sagrado. Isso é Amor.

Mas tem sido uma jornada muitas vezes solitária. Não podemos curar quem não aceita estar enfermo, nem salvar quem acredita estar seguro. Então nossa dor nesta jornada tem sido imensa por tocar em tudo que mais amamos e mais valorizamos, por éons...
Estamos exaustas, mas mesmo sofrendo, precisamos ver, aceitar, curar, agradecer e deixar para trás.
E assim foi. Coragem e Carinho para curar o de dentro, e depois o de fora.
Nosso compromisso é com nossa Luz, com nossa Verdade, nada mais nos tira de nosso foco de Luz. Olhar para dentro, sem máscaras ou véus, sem medo do que vemos, aceitar nossa essência incondicionalmente, é nossa única chance de plenitude. Não há mais voltas.
Mas olhando daqui, desta montanha de cristal que plaino para ver todas nós, sinto a certeza de que nenhuma realmente desejaria uma volta.

Estamos exaustas por tudo que vimos, perdemos, sofremos e deixamos... MAS ESTAMOS EM PAZ. 

Tem sido uma estrada imensa, cheia de vales e picos, de alegrias e decepções, mas sequer pensamos na possibilidade de voltar.
Não há retorno na espiral de crescimento do Universo. Não há volta no processo de Despertar de uma Consciência. Só existe o seguir.
Que seja abençoado, então.

Está finalmente na hora de despirmos o que resta para despir e revelarmos ao mundo o nosso Poder: doce, livre, belo, intenso, corajoso e real. 
Ele é o que falta na equação do Mundo Racional e destemido para que a Magia aconteça em Gaia.

Não importa como nos sentimos, nunca estaremos realmente prontas para isso. É um voo no escuro, um salto no abismo, um caminhar nas sombras do desconhecido, mas nossa bússola primordial - nosso coração - diz que é Agora.


Gaia precisa de nós, a Humanidade precisa da nossa Consciência vibrando, nossas irmãs precisam umas das outras, o Masculino Sagrado precisa do nosso Amor para se reencontrar.



Então, minhas irmãs, é o Momento.
Gestamos nossas Deusas por anos, trabalhamos intensamente no nosso Despertar, e agora precisamos nos parir. Não há como segurar algo assim.

Estamos exaustas como mães prestes a conhecer seu rebento. Há a exaustão de toda gestação, da expectativa, das dúvidas, das incertezas, mas há o enorme Amor e Alegria no nascimento esperado. Como será uma vida sendo exatamente como somos?
Sejamos!


Entrem nas águas do Graal, sintam o abraço de Madalena, abandonem seus últimos medos, os últimos enganos, os últimos apegos, e vamos em frente. Há muito depois desta colina, mas sem ultrapassar nunca saberemos!





Que este Solstício traga nossas Asas de Ísis, sejamos Sophia, sejamos Tara.

E assim sendo, que a Grande Música inicie. Será lindo.

Aliás, como diriam os Mestres... JÁ É.

Nota: Dedico este texto a todas e a cada uma que passou pela egrégora do Graal suportada por Maria Madalena nestes seis anos de Jornada do Despertar da Deusa que amparei com toda a força da minha alma de Luz.
Foram meses e meses maravilhosos, inesquecíveis, onde minha Deusa despertou no processo de despertar cada Deusa viva dentro de vocês.
Que o Graal do mundo seja preenchido através de nossos Ventres.