Equinócio de Outono.
O verão deste ano de 2012 foi extremamente forte. Foi uma missão de coragem (ou desespero) para cada coração que o atravessou, empenhado em transmutar suas últimas velhas idéias e abrir espaço para o novo que precisa (e vai) chegar. Mas transmutar, apesar de parecer bonito e libertador (e de fato, é!), também significa despedidas, dores, dúvidas e perda de rumo.
As constantes explosões solares que ocorrem sem trégua e bombardeiam o nosso planeta funcionam como um catalisador, um turbo para estas transmutações. No verão isso ficou intensificado ao extremo. Claro que é uma ajuda universal para os propósitos libertadores. Mas haja fôlego e lágrimas...
Neste verão, abri meu coração novamente para a tal transformação, aceitando a roda da vida. Como em tantos outros vários corações, corpos e espíritos, uma energia descomunal me bombardeou, sacudiu minha alma, e me tirou do prumo. Os corpos emocionais vibraram ao extremo e fomos acometidos por todos os tipos de turbulências. Tudo bem, era para isso mesmo. Sobrevivemos (?).
Antigamente eu me despedia tristemente do verão, tentando esticar cada segundo de sol e calor. Começava antecipadamente a sentir falta dos vestidos coloridos, dos finais de tarde quentes no parque. Sempre senti que que o fogo liberta, fortalece, aquece e ilumina. É uma força tremenda e muito boa de sentir e ela me fazia falta quando se ia. Para mim, amante do calor, o ano começava na Primavera, melhorava no verão, e depois... eu suportava até chegar a próxima Primavera. Até meu humor hibernava até ela chegar.
Aprendi com a sabedoria da vida, entretanto, a curtir o passo lento do inverno, introspectivo, acolhedor, misterioso e revelador. Ele nos leva a caverna do urso, ao nosso interior, nos faz meditar sobre nós mesmos e discutir nossas escolhas e consequencias. Aprendi a perceber e apreciar a Primavera com seus inícios, plantios e milhares de novas possibilidades e oportunidades, depois da meditação do inverno. O verão era apenas o pico, havia todo um caminho para chegar ao cume da montanha, e era igualmente belo e importante.
Mas o Outono... eu custei a pensar nele. Ele parecia uma introdução do Inverno. E só. Burrice minha. E quanta coisa deixei de aprender com esta burrice.
Já na escola aprendemos que Outono é a época dos frutos. Dos frutos! Como não via? É onde se colhe o que se escolheu plantar. É onde se pode ter certeza se o andar foi realmente na direção que se previa. É onde se pode observar as criações e amá-las, agradecê-las, antes de hibernar para pensar e planejar a próxima plantação.
Já na escola aprendemos que Outono é a época dos frutos. Dos frutos! Como não via? É onde se colhe o que se escolheu plantar. É onde se pode ter certeza se o andar foi realmente na direção que se previa. É onde se pode observar as criações e amá-las, agradecê-las, antes de hibernar para pensar e planejar a próxima plantação.
Eu nunca olhava realmente para os meus frutos. Acho que nunca tinha tempo para comemorar minhas vitórias ou observar meus equívocos com amor e aceitação. Passava rápido por eles, sempre pensando como agiria da próxima vez, como criaria meu próximo ciclo.
Pois, bem. Novamente, Outono. Inicia-se a festa da colheita. É tempo de olhar ao redor e para dentro de nós, e aceitar o que criamos nestes últimos ciclos. É tempo de receber, aceitar e amar cada situação, pessoa, lugar, coisa ou idéia que se apresenta como nosso rebento, e agradecer.
Meu último aprendizado com os ciclos da vida foi o que o Outono representa agora para mim: a mais completa e verdadeira Gratidão. Gratidão por sermos quem somos, por nossas oportunidades, pelas situações que nos guiaram e que nos aceitaram como maestros da vida, por mais um ciclo. Gratidão pelo aprendizado em forma de sucesso e fracasso, simplesmente por existirem. Gratidão por todos que nos apoiaram e participaram da nossa estrada. Sem pensar ainda em arrumar, consertar, mudar. Apenas observar, receber, agradecer e amar. E comemorar.
A época da colheita sempre foi a mais comemorada nas civilizações antigas. Festas e festas, agradecendo a Mãe Terra, aos deuses, a cada um que participou da história.
Perdemos isso. Nós vemos os frutos chegando como se não fossem mais que nossa obrigação gerá-los, e que precisamos pensar logo nos próximos senão vamos ficar na falta algum dia. Triste ilusão. Atentado puro ao poder de Prosperidade da Mãe.
Perdemos isso. Nós vemos os frutos chegando como se não fossem mais que nossa obrigação gerá-los, e que precisamos pensar logo nos próximos senão vamos ficar na falta algum dia. Triste ilusão. Atentado puro ao poder de Prosperidade da Mãe.
E isso é sabedoria para o tempo todo, e não uma vez ao ano. No ciclo da Natureza, cada parte do dia representa uma estação: o amanhecer, a Primavera, a tarde, o Verão, o anoitecer, o Outono e a noite, o Inverno. Podemos viver a energia de todas as fases da vida a cada dia, pois a sabedoria cabe em cada pedacinho dele.
Quem agradece à Mãe pelo alimento, pelo conforto, pelo amor, pela ajuda na criação, nunca ficará sem respaldo. Nunca verá escassez. E é isso que precisamos voltar a viver, não só no Outono, mas a cada dia, continuamente, sem nunca esquecer. Coisa para se lembrar no próximo pôr do sol.
Antes da noite chegar, simplesmente respire fundo, lembre do seu dia e sorria para o sol que descansa. Reserve um minuto para a gratidão. E volte ao mundo louco, repleto de bênçãos da Mãe.
Neste ano de 2012, eu simplesmente exalto o bendito Outono que chega!
Que se faça a festa da natureza!
Que traga os frutos, que traga tranquilidade, paciência e harmonia às mentes e aos corações exaltados do verão, para que possam apreciá-los, um a um, e de preferência, em ótimas companhias...